sábado, 10 de maio de 2008

"[...] Toda vez que eu andava por ai procurando o sentido da vida, passando pelas ruas e vielas, observava aquela menina. Não sei porque, mas foi a que mais me chamou atenção. Eu queria poder falar com ela, mas como? Sou apenas uma alma de asas que observa as pessoas. [...]
Comecei então segui-la e protege-la, quando ela chorava eu a abraçava, ela não me via e provavelmente não sentia, mas de alguma forma eu sei que ela se sentia mais segura.
O que eu mais gostava é quando ela ia em um tipo de morrinho, onde tinha árvores e flores bonitas e uma bela visão do pôr-do-sol, foi onde eu a vi pela primeira vez, para ficar observando no fim da tarde. Eu sentava do lado dela e ficavamos olhando na mesma direção.[...]
Quando eu passava olhando as atitudes dos humanos em tardes frias, cinzas e chuvosas o tempo parou, o café da garçonete caiu, o sorvete da menina caiu, o palhaço que alegrava chorou e eu, que nunca chorei na minha morte, nunca senti um gelo tão grande.
Maldito seja Pierre, aquele idiota! Ele sabia que eu gostava dela, mesmo assim, ele fingiu ser humano e se aproximou dela. Como não percebi isso antes? Me distrai um segundo... O tempo ainda estava parado, e ele tinha ela em seus braços, ele tinha beijado ela.
Meu rosto molhado, meu corpo molhado da chuva, já morri muitas vezes, mas morrer de coração partido foi a pior.[...]

[livro - O anjo de asas negras [capítulo - a menina]]

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